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Pimenteiras
sexta-feira, maio 9, 2025

Os Índios pimenteiras e a cidade de Pimenteiras, o que sabemos?

OS ÍNDIOS PIMENTEIRAS E A CIDADE DE PIMENTEIRAS

A GUERRA CONTRA OS ÍNDIOS PIMENTEIRAS

Os etnólogos encontram dificuldades de classificar etnicamente os índios pimenteiras, que geralmente são incluídos no tronco dos caraíbas, devido limitações dos registros historiográficos e poucos vestígios deixados, nem o eu gentílico pimenteiras não se pode afirmar com certeza se ele se intitulam com esse nome pois eram chamados de pimenteiras em decorrência de um sítio pimenteiras onde foram contatados pela primeira vez nas cabeceiras do rio Piauí. As outras tribos indígenas não tinham estreito contato com os índios pimenteiras que eram arredios, valentes e guerreiros. Quanto à sua língua nativa é considerada desconhecida pois nem os acaroás, nem os gueguês, nem os jaicós e nem mesmo os índios que falavam a língua geral ( tupi) os entendiam.
Segundo o historiador João Gabriel Batista ( 1920-2010) A história dos índios Pimenteiras é diferente, por falar em uma língua totalmente desconhecida do homem branco e de outras tribos, o mesmo defende uma teoria de que a tribo teria se originado de alguns grupos de casais indígenas que haviam sido domesticados posteriormente foram incorporados a expedições de preaão, havendo se negado a participar de expedições para aprisionar os índios, decidiram se rebelar, e criar sua própria tribo, codificando sua própria língua e considerando o homem branco um inimigo a ser combatido.

Foto: piracuruca.com

De acordo com informações coletadas no Arquivo Público do Piauí e na documentação do Projeto Resgate em documentos diversos a guerra contra os Pimenteira teve início em 1769, quando o grupo, que durante algum tempo esteve em paz com o colonizador voltou a atacar fazendas, matando animais e os moradores. Durante toda a segunda metade do século XVIII e início do XIX, várias bandeiras foram organizadas para combater os Pimenteiras na região sudeste do Estado. A resistência do grupo levou diversos fazendeiros a abandonarem suas fazendas. Podemos concluir que a resistência dos Pimenteiras na região sudeste dificultou a criação de vilas e cidades na região, cujo processo somente teve início na primeira metade do século XX com o incremento da produção da maniçoba para a produção de borracha.
1777- Marcha Felix do Rego Castelo Branco (cabo da diligencia) para fazer guerra
contra os Pimenteira. O governo solicita índios dos aldeamentos de São João de
Sende.
1779-Entrada de João do Rego Castelo Branco. O governo pede índios do lugar
Cajueiro para engrossar a tropa e contribuição de cabeças de gado e farinha para os moradores de Jerumenha, na região centro-sul do Piauí.
1781-1782- Ações punitivas contra os Pimenteiras, através de escoltas comandadas
por Manoel Ribeiro Soares. Em 1782, o governo conclui que o destacamento não
estava cumprindo sua missão, portanto não coibia os índios de atacarem as fazendas e nem impedia a fuga de seus moradores. Novamente o governo solicita índios de São João de Sende (8) e de São Gonçalo (12) para correr a fronteira e devem ficar na fazenda Conceição. A tropa estava sob o comando de Antonio Pereira.
1790-1791- A guerra ofensiva continuava proibida, mas tropas comandadas por Inácio Rodrigues de Miranda correm as fronteiras, sendo que 11 índios são presos, 5 mulheres e 6 crianças (3 machos e 3 fêmeas) que foram distribuídas em casa de
famílias por ordem do governo para tentar comunicação.
1807- José Dias Soares inicia nova operação com 60 homens e estabelece presídio em Água Verde (fazenda abandonada). Ocorreram vários combates próximo à Lagoa Formigas.
1810- Retorna José Dias Soares ao alto Piauí com 200 homens e por três vezes
enfrenta o inimigo. Regressa com 26 prisioneiros e matou 15 índios. Há uma outra fonte histórica que aponta a quantidade de cerca de 60 índios pimenteiras capturados. Os Pimenteiras se refugiam se no território pernambucano para regressar em seguida em Curimatá.
1811 – os índios pimenteiras atacam as cidades de Jerumenha e Parnaguá
1815- Os Pimenteira são dados como extintos pelo governo do Piauí e a conquista foi dada como concluída. entretanto em 1827 foram registrados alguns ataques de índios pimenteiras nas cabeceiras do rio Piauí.

Sobre a cidade de Pimenteiras
Segundo o escritor Pedro Paula em seu livro Pimenteiras Sua História Suas Famílias ( 1998) por volta de 1865, chegaram os primeiros habitantes de Pimenteiras, destacando-se Evaristo Braz de Sousa que, acompanhado da família, fundou uma fazenda de gado.
Em 1894, a vinda dos irmãos João e Manoel José Dantas, além de Enéas da Silva Nogueira, atraiu grande número de moradores, contribuindo de forma decisiva para a formação do núcleo.
A partir de 1910, com a chegada de José Pereira Paula e Alexandre de Melo Barbosa, procedentes de Crateús – CE. Incrementaram o desenvolvimento de atividades comerciais, agrícolas e pecuárias, sendo esta última, ainda hoje, a base fundamental da economia do município, que teve sua fase de maior desenvolvimento.

Seu Dito ( índio pimenteira ) encontrado na região.
Foto: Redes Sociais Adilson Lopes

No final de 1953, um grupo de moradores liderado por Elisiário de Melo Barbosa iniciou um movimento visando à obtenção da autonomia administrativa, que foi alcançada em 1954, por ato do então governo Pedro de Almeida Freitas.
Criado o município, pela Lei no. 1.040 de 16 de julho de 1954, a instalação se verificou solenemente no dia 25 do mesmo mês e ano.
Ainda segundo Pedro Paula o nome da cidade é em homenagem à uma família de índios pimenteira encontrados vivendo às margens de uma Lagoa denominada Lagoa da Estiva.

Como é possível encontrar índios pimenteiras por volta de 1865 se os mesmos foram considerados extintos em 1815?

O professor de História Clemilton Dias, que a partir de sua pesquisa bibliográfica acerca dos índios pimenteiras, tentando compreender as lacunas de informações deixados pelos documentos oficiais e registros historiográficos destaca duas hipóteses com intuito de comprovar que os índios encontrados às margens da Lagoa da Estiva sejam de fato índios pimenteiras, se analisarmos a ordem cronológica dos acontecimentos e a proximidade da região de Pimenteiras com a cidade de Oeiras, capital da província na época.
Em 1810 José Dias Soares vai ao alto Piauí com 200 homens e retorna à capital Oeiras com 26 prisioneiros e matou 15 índios, sendo que muitos outros índios fugiram para a região do Pernambuco. No entanto, a documentação sobre o ocorrido não informa qual destino foi dado aos 26 índios pimenteiras feitos de prisioneiros, dessa forma é perfeitamente possível deduzir duas possibilidades.

A primeira delas é uma possível fuga de alguns desses índios capturados e provavelmente trazidos para Oeiras, capital do Piauí na época, sendo vendidos como escravos e posteriormente fugindo e vindo a refugiar-se na região da Lagoa da Estiva, onde foram encontrados por volta de 1865, quando chegaram Evaristo Braz de Sousa que, acompanhado da família, e outras famílias que vieram posteriormente fundaram fazenda de gado, essa hipótese é a mais provável, pois a região localiza se a aproximadamente 150 quilômetros da capital. Uma segunda possibilidade menos provável é de que esses índios foram vendidos ou doados a fazendeiros da Região de Valença , esses índios poderiam ter fugido ou por afeição aos índios tais fazendeiros os colocaram em liberdade protegendo-os, ( pouco provável) sendo que a região onde hoje é a atual cidade de Pimenteiras fazia parte do território de Valença do Piauí. Há pesquisadores que defendem que os índios encontrados às margens da Lagoa da Estiva sejam descendentes dos índios pimenteiras que haviam fugido para o Pernambuco ainda em 1810, quando houve embate com José Dias Soares, O professor Clemilton Dias descarta essa possibilidade alegando suas hipóteses segue um raciocínio lógico mais provável principalmente se considerarmos a ordem cronológica dos fatos e a distância da capital Oeiras com a região onde hoje é a cidade de Pimenteiras.

REFERÊNCIAS

Paula, Pedro Pimenteiras – sua história, suas famílias (1998)
Oliveira, Ana Stela de Negreiros .O POVOAMENTO COLONIAL DO SUDESTE DO PIAUÍ: INDÍGENAS E COLONIZADORES, CONFLITOS E RESISTÊNCIA. UFPE. 2007 p 61-83
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/19064
Coutinho , Reinaldo Coutinho. O ENIGMA DOS PIMENTEIRAS.portalpiracuruca.com.
2014
https://1library.org/article/pimenteira-povos-ind%C3%ADgenas-povoamento-colonial-sudeste-piau%C3%AD-ind%C3%ADgenas.z3gd68dy

 

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